As mutações trazidas pela tecnologia têm preocupado estudiosos do jornalismo em todo o mundo, mas ainda não havia percebido até recentemente esta curiosidade nos alunos da graduação. A preocupação legítima em entender o mercado e os seus produtos, analisar discursos, experimentar novos produtos sempre falou mais alto nos últimos sete anos em que acompanhei como orientadora pesquisas de monografias para conclusão de curso.
Vejo no interesse dos graduandos, um reflexo do mercado em construção. Foi assim com análise de discursos de produtos midiáticos, a internet e redes sociais, jornalismo especializado, projetos de comunicação coorporativa e, agora, me chegam propostas de pesquisa para discutir o sentindo do jornalismo. Talvez porque seja o tema da minha pesquisa de doutorado prevista para concluir em 2017, talvez porque o jornalismo e os seus interesses estejam sendo colocados em xeque de maneira violenta pela sociedade conectada e cada vez mais informada.
Tenho uma desconfiança: quantos mais ataques o jornalismo sofra, mais ele se fortaleça, mais se aperfeiçoe e, quem sabe, se recrie melhor e mais ético. Mas é quase uma esperança, sem fundamentos científicos. Em 2007, o pesquisador estadunidense Michael Schudson, professor da Universidade de Columbia, já chamava a atenção para o futuro do jornalismo em dez ou 20 ou 50 anos. “Ninguém sabe. Sabemos que vai ser mais online do que é hoje. Será mais online na próxima semana! Eu acho que podemos estar confiantes de que alguns tipos de noticiários de televisão e notícias de rádio vão continuar, mas há mais preocupações sobre jornais” (SCHUDSON, 2007, p.20).
Blog para discutir a tese "Papel social do jornalismo no Brasil" desenvolvida entre 2013 e 2017.
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
terça-feira, 21 de outubro de 2014
Lista das revistas cientificas para alimentar o "tamallates"
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| O CNPq lançou e padronizou o Currículo Lattes em 1999 |
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Os bichinhos virtuais
|
Veja aqui a lista da compós com links e classificação e começa a publicar.
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
A pressão é sobre o jornalista, mas quem manda é o dono do jornal
Adriana Santiago[1]*
BREED, Warren. Controlo social na redacção. Uma análise funcional. In:
TRAQUINA, Nelson. (Org.). Jornalismo: questões, teorias e “estórias”. Lisboa:
Vega, 1999. 2ªEd. P. 152-166.
O jornalista é levado a ser ‘socializado’ pela redação e a política
editorial da organização jornalista onde ele trabalha, por uma sucessão sutil
de recompensas e punições. E na maioria das vezes, o profissional se conforma
mais com as normas editoriais da política editorial da organização do que com
quaisquer crenças pessoais que tivesse trazido consigo para o veículo em que
trabalha. Nisto consiste a teoria organizacional de Warren Breed, de 1955. Mais
atual, impossível. Em alguns casos, o jornalista não só assume como
potencializa esta política, a ponto de ser mais “patrão” do que o “patrão”.
Fraser Bond e a caça às definições profissionais do jornalismo
BOND, Frank Fraser. Introdução ao jornalismo[1]. Rio de Janeiro: Agir, 1959. (352p.)
Fraser Bond escreveu o livro em 1954, no contexto de mudanças na
sociedade do pós-guerra e a abertura democrática. O jornalismo incorporou todas
as tecnologias desenvolvidas na II Guerra Mundial, a televisão tornou-se um
meio poderoso, e a propaganda vendia de tudo, produtos ou pessoas. O consumo explodiu.
Ao mesmo tempo em que surgiram os beatniks,
geração que se voltou contra o materialismo, usou drogas e lutou pela liberdade
sexual, um estilo de vida que iria encontrar uma maior aceitação na década de
1960 e 1970[2]. O
cinema e a música roqueira elevaram a necessidade de compreender essa Indústria
Cultural[3] (ADORNO
& HORKEHEIMER, 1942) e seus efeitos.
Um jornalismo ou muitos jornalismos?
Adriana Santiago*
Resenha PósCOM
NEVEU, Érik.
Sociologia do jornalismo. São Paulo: Loyola, 2006.
Em
um livro extremamente didático, onde quase tudo pode ser esquematizado em
tópicos sistemáticos, o sociólogo Erik Neveu defende que existe uma variedade
de práticas jornalísticas que diferem muito de uma mídia para outra e até de um
país para outro. Também pode-se destacar a forma como mostra as diferenças dos
jornalismos feitos na França em contraponto aos jornalismos estadunidense.
Neveu explica que o francês desenvolveu um formato diferente daquele que
impregnou todo o modo de fazer jornalismo na maior parte do mundo, e dá ao
leitor brasileiro uma perspectiva nova da prática profissional. Reflexões
pertinentes e atuais, mais um mérito para Neveu, que escreveu a obra em 2001.
Uma função democrática para ‘salvar’ o jornalismo
Adriana
Santiago*
Resenha PósCOM
SCHUDSON,
Michael. News and Democratic Society: Past, Present, and Future. The Institute
of Advanced Studies in Culture. Disponível em: http://www.iasc-culture.org/eNews/2009_10/Schudson_LO.pdf (artigo do
livro Why Democracies Need an Unlovable Press, 2008).
Michael Schudson tem uma posição controvertida para
os padrões pragmáticos e neoliberais dos seus pares estadunidenses e, porque
não dizer, romântica do jornalismo. Ele acredita que o jornalismo tem funções,
tem um papel social importante. Neste ensaio de 2008, chama a atenção pela
defesa da função democrática inerente ao jornalismo, como veremos logo a
seguir, mas julgo importante levar em consideração o contexto em que escreve.
Ele estava iniciando uma pesquisa que publicaria em 2009 e que causaria grande controvérsia
nos Estados Unidos. O relatório "A reconstrução do jornalismo americano” elaborado
juntamente com o jornalista Leonard Downie Jr., editor-executivo do Washington
Post por 17 anos, recomenda que jornais se transformem em empresas não
lucrativas, recebendo recursos até do governo, o que chocou os meios de
comunicação estadunidenses que, normalmente, satanizam a intervenção do Estado.
Quando o jornalismo começa a ser jornalismo
Adriana Santiago[1]
GUERRA, Josenildo Luiz. O nascimento do jornalismo moderno. Uma discussão sobre as
competências profissionais, a função e os usos da informação jornalística.
Núcleo de Jornalismo, XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo
Horizonte/MG, 2003.
O artigo ‘O nascimento do jornalismo
moderno’, de Josenildo Guerra, professor da Universidade Federal de Sergipe e
um dos pesquisadores respeitados na nova geração da pesquisa em Jornalismo do
país, é muito mais do que o subtítulo aponta: uma discussão sobre as
competências profissionais, a função e os usos da informação jornalística. Escrito
quando ainda era doutorando no Programa de Pós-Graduação e Cultura
Contemporâneas - de onde nós o resenhamos -, é hoje referência no que se ousa chamar
de Teoria do Jornalismo e demarca para os pesquisadores ulteriores uma data
para iniciar os estudos na área. ‘Anos-luz’ do ultrapassado marco da prensa de
Gutemberg, Josenildo baliza um início para as nossas reflexões de pesquisa: o Iluminismo.
A época é bem defendida por ele como a da consolidação da concepção moderna do
jornalismo, mercantil e profissional.
Começando a interação
Esta tese para mim é algo maior do que um estudo científico, é uma curiosidade pessoal. Como o jornalismo é jornalismo? Como chegou a ter essa força? Como resiste como negócio e força social apesar de tantas críticas?
Percebe-se um mundo inteiro de coisas para pensar e, lógico, que não cabem numa única tese, mas uma vida toda.
É isso. Estou no jornalismo como estudante, profissional e professora e não pretendo parar. Vamos começar este diálogo, adiado há quase dois anos.
Talvez porque eu não soubesse por onde começar.
Sejam bem-vindos!
Colaborem, critiquem.
Percebe-se um mundo inteiro de coisas para pensar e, lógico, que não cabem numa única tese, mas uma vida toda.
É isso. Estou no jornalismo como estudante, profissional e professora e não pretendo parar. Vamos começar este diálogo, adiado há quase dois anos.
Talvez porque eu não soubesse por onde começar.
Sejam bem-vindos!
Colaborem, critiquem.
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